terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A um passo do Paraíso


A um passo do Paraíso Originally uploaded by PQz

À medida que o tempo passa, Singapura é cada vez mais a minha casa e o sudeste asiático o meu destino normal para passeios de fim-de-semana. Há uns tempos a malta juntou-se e alugámos uma ilha privada por três dias. Tudo muito normal. Uma amiga diz-me que somos estudantes que vivem como milionários e viajam como reformados E que estranho que é esta vida ser confortável, aceitável. E que estranho é pensar que não foi sempre assim e que não será sempre assim. Não, Pedro, Banguecoque não estará sempre a 2 horas de distância. Ainda não fui lá, é o problema dos sítios que são já ali.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

I love the food


I love the food Originally uploaded by PQz

Já falei da comida portuguesa no Oriente. Mas também há a comida do Oriente. E que boa que é a comida do Oriente. Ainda não percebi se mais ou menos saudável, dificilmente serei capaz de de decidir se é mais ou menos saudável. Mas sei que gosto. Cada refeição é um misto de aventura, descoberta, aprendizagem e prazer. Gosto da comida lá de cima, preparada para os pauzinhos. A comida cá de baixo vai de garfo e colher. Isso das facas é para cozinheiros fechados em cozinhas.

Estas almôndegas ("meat balls" é tão mais genérico e descritivo) eram deliciosas. Tive direito a três refeições em Phnom Penh. Na primeira deixei que o Lonely Planet me levasse para os que eles diziam ser o melhor restaurante Khmer. Fiquei desiludido. Para almoçar no dia seguinte escolhemos um restaurante da lista "Eating for a cause". Já que vou comer, porque não dar uma mãozinha a alguém, no caso as crianças de rua que na associação "Friends" recebiam formação em hotelaria. E que comida mais deliciosa. Para rematar, um jantar no FCCC (Clube dos Correspondentes Estrangeiros no Cambodja). Sabor trópico-colonial, companhia da L., uma amiga do J. que começou agora um trabalho fascinante num aldeia perdida no norte do país e que recupera durante o fim-de-semana na civilização das grandes cidades. Fascinante.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Erziehung macht frei


Erziehung macht frei, originally uploaded by PQz.

Continuando no tema top of mind (sim, estou a fazer um MBA) quando se fala no Cambodja.

É-me impossível não pensar em Auschwitz. Visitei Auschwitz em 2003. Fiquei surpreendido na altura com a força do que senti naquele sítio perdido no meio da Polónia. Não consigo descrever e não quero descrever.

Mas do que eu queria falar era da história dos vencedores. O ocidente apoiou o Cambodja Democrátido (o dos khmers vermelhos). Os americanos bombardearam (aprendi uma expressão nova: "carpet bombing", muito literal) o Cambodja durante a guerra do Vietname, E dizem-me que os khmers vermelhos mataram milhões de pessoas. E eu não duvido. Dizem-me os vencedores. Não sei o que me dirão os vencidos. Provavelmente é gente de poucas conversas. Espero que sim. Mais dificilmente saberei o que me diz a verdade, que dessa ninguém gosta muito.

É preciso ouvir, sentir, perceber e até acreditar. Mas também questionar, ouvir mais, sentir mais e perceber mais. Como dizia um amigo meu, "em caso de dúvida, duvida-se".

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Faceless faces


Faceless faces, originally uploaded by PQz.

Mas Phnom Penh também é prisões, campos de extermínio e Pol Pot.

Foi isso que me levou a querer fazer esta viagem. Não por achar que sou particularmente mórbido. Acho que não sou. Muito.

Interessa-me, à falta de outro verbo, o lado mais obscuro da condição humana. Perceber porque é que um povo decide que a auto-aniquilação é o caminho mais rápido para um mundo melhor está para além do que a minha compreensão consegue atingir. Mas, se por um instante que seja, conseguir estar vagamente perto de imaginar o que sentiu a pessoa de quem já sobra o que está na fotografia já terei aprendido muito.

Mas a cidade e o país continuam a existir, com traumas, lágrimas e sorrisos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Nostalgia


Nostalgia, originally uploaded by PQz.

Phnom Penh não é só prisões, campos de extermínio e Pol Pot.

O Bairro do Relógio era considerado um dos mais degradados da zona de Lisboa, com índices de marginalidade elevados, particularmente em matéria de toxicodependência e tráfico de droga. Este facto explica a designação pela qual o Bairro acabou por ser também conhecido: "Cambodja".

Foi este outro Cambodja que primeiro entrou no meu imaginário, já lá vão todos os anos.

Este fim-de-semana fui a Phnom Penh, a capital. Aluguei uma scooter (nunca tinha andado de mota na vida) e percorri a cidade na companhia do S. É bom conseguir orientar-me numa cidade assim, Conduzir numa cidade estranha é sentir-me parte dela, é ter de perceber em instantes o que está a pensar o condutor daquele tuk-tuk que vem na minha direcção a toda a velocidade, é sobreviver.

Pequim, Luanda e agora Phnom Penh.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Abendlicht


Abendlicht, originally uploaded by PQz.

À distância de meio mundo soa-me muito estranho ouvir falar em neve, mau tempo ou frio. Há mais de um mês que durmo de janela aberta, incomodado apenas pelos mosquitos que conseguem safar-se até ao 16º andar. O tempo está sempre na mesma. Núvens, calor, chuva muito ocasional. A ventoinha no tecto é uma boa amiga. Gasta menos energia que o ar condicionado e sopra uma aragem bem mais saudável e agradável.

Da janela da sala vê-se o pôr-do-sol. E o que eu gosto do pôr-do-sol. Este tem sempre algumas núvens para os jogos de luz. E é pontual, mais minuto menos minuto, às 7 da tarde lá está o sol a desaparecer.

A distância dilui a realidade do que se passa do outro lado. Que surpresa será voltar e perceber que não está tudo exactamente na mesma.